Você se lembra dos estudos sobre a leitura da linguagem muda do nosso corpo, no brilhante O Corpo Fala? Se você nunca ouviu falar nesse livro, precisa recuperar o tempo perdido. É uma leitura fantástica que merece a sua devida atenção. Todos os seres se comunicam verbal e não verbalmente. E é sobre essa parte não verbal, silenciosa que o livro trata nas relações humanas, as linguagens corporais, os trejeitos e os olhares. Inclusive, se você quiser ler um pouco mais sobre esse livro, recomendo que acesse nossa outra postagem sobre o assunto aqui.
Veja:
Produto para sua cozinha com 10% OFF (Código: PROMO10)Pois é, os cientistas continuam pesquisando sobre esse conjunto de sinais que nossa mente consegue captar em uma simples conversa, um rápido 'esbarrão' e até mesmo uma saída rotineira para um aeroporto que pode culminar na intuição terrível que você deve deixar o embarque de tal avião. Todos esses sinais visíveis e suscetíveis à análise pelo nosso inconsciente são interpretados no decorrer dos acontecimentos rotineiros e novamente são gravados em nossa linha de experiências vividas e mantidas nas análises feitas de tal situação. Isso quer dizer que se você sente cheiro de gás em um determinado cômodo que não deveria sentir normalmente - ou que até sentiria em casos de acidente com o fogão, por exemplo - certamente você 'intuirá' que algo pior pode estar prestes a acontecer e vai agir de modo a certificar que as condições para a sua sobrevivência não sejam afetadas. Nessa ocorrência, o seu cérebro emitirá um sinal de alerta com base em uma experiência aprendida anteriormente, pessoal ou de terceiros.
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Isso acontece porque a intuição nada mais é do que um conjunto de análises gravadas em nossa memória, e que, em decorrência disso, também pode ser melhorada experiência após experiência.
É como se houvesse uma constante atualização do seu 'banco de dados' interno. De acordo com a Superinteressante, a ciência nos prova que todos temos premonições o tempo todo. Dessa forma, "prever o futuro pode ser algo tão simples quando saber que, quando um pit bull late para você de dentro de uma garagem com o portão aberto, é sinal de cérebro um grande problema pela frente".
Fica muito claro que essa espécie de análise, essa percepção muito básica e rápida é primordial para a nossa sobrevivência. Ela ocorre muito rapidamente, para alguns pode ser apenas reincidência de algum caso, uma situação que parece familiar e que vai acabar em algo ruim, por isso o cérebro faz o 'alerta intuitivo'.
A Ciência da Intuição
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De acordo com Álvaro Machado Dias, a intuição pode ser explicada em duas linhas teóricas: holística e heurística. A primeira dá o enfoque à importância das experiências emocionais e/ou subjetivas, esse conjunto de sinais de que falei antes no texto, e a segunda aos dispositivos para pensar. Em ambas as linhas o estudo do esquema de decisão é o objetivo de pesquisa. Entender por que tomamos as decisões da forma que tomamos, de fato, e de onde vem esse conjunto de processos cognitivos que ancoram essas decisões.
O cientista neurológico vem fazendo testes com inteligência artificial, com o objetivo de criar um experimento mais fiel e suscetível ao comportamento de tomada de decisão humana. Os estudos comprovam que nossa intuição é um esquema de inúmeros processos cognitivos acumulados com as experiências diárias, mais subjetivo. É como se precisasse haver um modelo básico, quase primitivo, simplificado e mais cognitivo e comportamental do que conceitual para que posteriormente a razão possa recorrer a esse banco de dados e consiga formular a decisão junto com os conceitos envolvidos.
Em caso de uma decisão mais complexa, que envolve mais complicações, esse comportamento é mais evidente. Buscamos na sutileza dessa subjetividade (nosso banco de dados) e partimos então para os processos lógicos analisando essas percepções. Refletindo do ponto de vista do desenvolvimento computacional para a inteligência artificial, esse banco de dados e tomada de decisão são artefatos que compõem a singularidade do ser, o que pode torná-lo mais autêntico e único, características dos humanos.
Entretanto, uma base intuitiva sempre atualizada nem sempre exprime a perfeição na tomada de decisão, é sobre isso que vamos refletir no próximo tema.
A intuição é preconceituosa
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Quanto a isso, existem estereótipos de todo o tipo: classe, gênero, credo, raça. Imagine que você está trafegando em uma via de pouca iluminação, em uma região que é considerada mais perigosa e o pneu do seu carro fura. Nesse momento, você vê um homem negro vindo em sua direção com uma arma na cintura, possivelmente o primeiro pensamento 'intuitivo' que lhe ocorre é que você será assaltado, certo?
Dificilmente você pensou que poderia ser um policial à paisana vindo lhe oferecer ajuda.
O seu cérebro foi claro: local perigoso, situação de risco, homem negro com arma= serei assaltado.
Isso tudo reflete um viés inconsciente, que tem origem no nosso banco de dados onde as mesmas intuições são processadas. O que nos leva a crer que a intuição - por não ter uma base racional - é precipitada e preconceituosa. Ela advém de um impulso cognitivo rápido, precipitado, preguiçoso.
São atalhos facilitados em nossa mente que não envolve a complexidade de uma observação de cunho mais lento, depurado, racional. É assim que, sem perceber, processos neurais, cognitivos tomam a decisão por você em lapsos de segundo.
Para se aprofundar no tema, recomendo esse post aqui.
Fontes
CUSTÓDIO, Túlio. Você é racista. Revista Galilleu, edição 290, p.38, setembro/2015
DIAS, Álvaro Machado. Razão e desrazão nas tomadas de decisão. Psicol. USP, São Paulo , v. 21, n. 2, p. 391-416, jun. 2010 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642010000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 fev. 2019. http://dx.
LOPEZ, Reinaldo José. O Poder da Intuição. Revista Superinteressante, edição 396, p.64, novembro/2018
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